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Mostrando postagens de outubro, 2021

A Luz Vermelha

Meu celular tocou, era a enfermeira do asilo, “sua mãe acabou de falecer.” Eu não podia abandonar o posto na portaria do prédio, pois estava sozinho. Assim sendo, esperei o porteiro da manhã chegar. Com um salário de fome, nunca me foi possível mantê-la em casa sob os cuidados de uma enfermeira. Nos meus cinquenta e três anos de vida só consegui comprar o Escort e uma casa simples num bairro miserável. No final de agosto de 97, minha mãe começou a ter breves delírios, piorando menos de seis meses depois. Vieram os remédios, as contas, e então precisei mandá-la para a casa de repouso após alguns anos. Entrei no asilo e senti o ar gélido dançando no corredor. A porta do quarto se encontrava aberta e sobre a cama estavam suas roupas dobradas e uma caixa de papelão lacrada com durex. A enfermeira entrou e me deu a ficha para preencher. Resolvi levar apenas a caixa. Ao entrar no carro, antes mesmo de fechar a porta, um rapaz se aproximou, me deu os pêsames e disse ser da funerária, de